Sistema Campo Limpo é referência internacional em sustentabilidade e logística reversa, afirma especialista em direito ambiental
Fabrício Soler, advogado e especialista em Direito Ambiental, destaca a organização, a responsabilidade compartilhada e a eficácia do Sistema como inspiração para outras cadeias produtivas

O Sistema Campo Limpo se consolidou como um dos mais bem-sucedidos modelos de logística reversa do mundo. Trata-se de um mecanismo eficaz de destinação ambientalmente adequada de embalagens vazias de defensivos agrícolas, que representa um exemplo de responsabilidade compartilhada entre os diversos elos da cadeia produtiva, conforme destaca Fabrício Soler, advogado especialista em Direito Ambiental, professor e consultor em sustentabilidade, com ampla atuação em políticas públicas e marcos regulatórios de resíduos sólidos.
Em entrevista exclusiva ao Portal do Sistema Campo Limpo, Soler analisou os diferenciais, os marcos normativos e os aprendizados que fazem do Sistema Campo Limpo uma referência dentro e fora do Brasil.
Um modelo nacional de impacto global
Para Soler, o grande diferencial do Sistema Campo Limpo está na sua capacidade de reunir, de forma coordenada e eficiente, os princípios da economia circular, da responsabilidade compartilhada e da logística reversa. O resultado é uma estrutura sólida, com mais de 400 unidades de recebimento espalhadas por todo o território nacional, e com um índice de recebimento superior a 90% das embalagens vazias de defensivos agrícolas, taxa que coloca o Brasil na liderança mundial da sustentabilidade agrícola.
“O Sistema demonstra uma organização exemplar na gestão ambientalmente adequada das atividades de coleta, armazenamento, tratamento e destinação final, incentivando inclusive a produção de novas embalagens com conteúdo reciclado”, pontua Soler.
Responsabilidade compartilhada e base legal sólida
Segundo o especialista, o sucesso do programa que é referência está diretamente relacionado à forma como o conceito de responsabilidade compartilhada, previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é colocado em prática. Agricultores, canais de distribuição, fabricantes e a indústria exercem papéis complementares que garantem a eficiência da operação.
“A participação ativa dos agricultores, que realizam a tríplice lavagem e o transporte das embalagens as unidades de recebimento aliada à atuação coordenada do inpEV e das indústrias associadas, garante que a responsabilidade pelo ciclo de vida das embalagens seja efetivamente compartilhada, e não apenas concentrada em um único agente”, destaca.
No aspecto jurídico, Soler enxerga o Sistema Campo Limpo como um norte para outras cadeias que enfrentam o desafio da logística reversa. “A organização, a dinâmica de funcionamento, o financiamento e a operacionalização do Sistema servem como referência para que outros setores se aprimorem, inclusive os que ainda serão regulamentados nos próximos anos.”
Inspiração para outras cadeias produtivas
Ao ser questionado sobre os aprendizados que o Sistema Campo Limpo pode oferecer a outros segmentos, Fabrício Soler foi direto: a articulação e o engajamento entre os diversos agentes da cadeia são o ponto-chave.
“Muitos sistemas de logística reversa ainda não conseguem envolver todos os elos da cadeia, concentrando esforços apenas no fabricante. O Sistema Campo Limpo mostra que é possível operar de forma integrada, com um modelo de governança eficiente, por meio de uma entidade sem fins lucrativos, que reúne credibilidade técnica e compromisso ambiental.”