Os caminhos do Sistema Campo Limpo para um agro mais sustentável e integrado
Jorge Buzetto, presidente do Conselho Diretor do inpEV, destaca ano de 2025 e faz avaliações para futuro

Com mais de duas décadas de experiência no setor e uma trajetória ligada às operações de Manufatura & Supply, logística, inovação e sustentabilidade, Jorge Buzzetto, engenheiro químico formado pela PUC-RS e com pós-graduação e MBA em administração USP, ocupa hoje o cargo de Diretor de Manufatura e Projetos Estratégicos Brasil & Latam da Syngenta. Ao longo de seus 35 anos na empresa, ele acompanhou de perto a evolução das boas práticas agrícolas no Brasil e o fortalecimento de iniciativas que integram eficiência produtiva e responsabilidade socioambiental.
Sua atuação se estende para além da indústria. Atualmente é presidente do Conselho Diretor do inpEV e possui papel decisivo na consolidação do Sistema Campo Limpo como referência mundial em logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas. Em entrevista exclusiva ao Portal do Sistema Campo Limpo, o executivo faz um balanço de sua gestão, destaca avanços relevantes conquistados no último ano e reforça como a integração dos elos da cadeia agrícola, aliada à visão estratégica do Instituto, tem impulsionado a sustentabilidade no agro brasileiro.
Confira o bate-papo abaixo:
- Qual a avaliação do desempenho do Sistema Campo Limpo em 2025, especialmente diante do marco das 800 mil toneladas recebidas desde 2002 e do recorde de 68,5 mil toneladas destinadas de forma ambientalmente adequada no último ano?
Os números por si só já indicam a grandeza deste Sistema, temos visto um crescimento importante e consistente de embalagens sendo recebidas nos nossos postos de recebimento ou nas centrais de processamento e recicladas de forma a voltar à cadeia produtiva fechando um ciclo de logística reversa dentro de um conceito de economia circular. 95% de todas as embalagens vazias de defensivos agrícolas tem como destinação a reciclagem e retornam ao mercado em forma de novas embalagens para o agro ou mesmo para outras aplicações em outros seguimentos. Isto é um marco que nos orgulha muito. Isto gera valor e emprego.
- Quais avanços em inovação o inpEV consolidou neste ciclo, e como isso reforça a missão de integrar os elos da cadeia agrícola em prol de uma logística reversa cada vez mais sustentável?
Os avanços têm sido significativos, estamos implantando centrais de recebimento e processamento mais modernas nas áreas de expansão agrícola como o Cerrado e o Norte brasileiro, locais em que houve um crescimento significativo nos últimos anos e que tínhamos o desafio de aumentar a capacidade de armazenagem e processamento. Estamos encurtando distância entre as centrais visando dar mais flexibilidade ao agricultor para destinar suas embalagens vazias e investindo em tecnologia nas nossas fábricas de embalagens recicladas. Já por muitos anos temos nossas fábricas muito bem estruturadas com tecnologias de ponta para produção de novas embalagens e tampas e estamos expandindo as mesmas dada a aceitação da nossa tecnologia e qualidade do material reconduzido ao mercado. Dentro do conceito de economia circular estamos sempre agregando novos parceiros que nos complementam com suas tecnologias para outros usos além do agro, isto é uma constante no Sistema também.
No ciclo recente (2024-2025), o inpEV consolidou avanços em processos que acompanham o volume recebido, além de outras tecnologias para otimizar a logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas. Essas inovações reforçam a missão de integrar os elos da cadeia agrícola: agricultores, revendas, cooperativas, indústria e poder público, por meio de maior eficiência, transparência e controle em todo o processo.
- O Sistema Campo Limpo é reconhecido mundialmente como referência em logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas. Em 2025 foi lançada a nova assinatura “Por um destino melhor”. Como essa mensagem dialoga com o atual momento do Sistema?
Em 2025 foi criada uma nova identidade corporativa para o Sistema Campo Limpo de forma a se modernizar e enfatizar o papel dos atores deste Sistema, que são muitos e que tem sua ação integrada para a manutenção, modernização e expansão do Sistema.
Quando se criou o Sistema Campo Limpo há mais de 20 anos, a identidade visual focava na reciclagem das embalagens, num conceito que para a época já era visionário e pioneiro para a agricultura brasileira. Com a evolução do conceito de sustentabilidade e ESG vimos que o Sistema hoje é mais complexo de operar e que cada elo desta cadeia tem que ter seu protagonismo.
Além disso, seus atores têm que se mover para o mesmo lado para a garantia da sustentabilidade socioambiental do Sistema e geração de valor na cadeia. Entidades de Governo, agricultores, entidades de classe, indústria, associação de distribuidores, sociedade, executivos do Sistema e outros tem que atuar conjuntamente para que cada vez mais possamos fortalecer o Sistema Campo Limpo, e que continuemos a nos orgulhar de sermos referência mundial em reciclagem de embalagens vazias de defensivos agrícolas.
O termo “por um destino melhor” tem uma conotação mais ampla de buscar sempre a geração de valor nos processos do Sistema e de devolver à sociedade algo de maior importância, convertendo aquilo que seria um resíduo de atividade agrícola em algo tangível e de maior valor à sociedade.
A nova assinatura “Por um destino melhor” dialoga com o atual momento do Sistema Campo Limpo ao reforçar o compromisso coletivo com a sustentabilidade e o futuro do planeta, em um período de expansão e consolidação do programa como referência mundial em economia circular
- O relatório de sustentabilidade de 2024 destaca a expansão de unidades de recebimento, aprimoramentos tecnológicos e o fortalecimento de iniciativas educativas. Como esses pilares contribuem para o desenvolvimento de uma cultura de responsabilidade socioambiental no campo?
A expansão das unidades de recebimento é uma realidade e visa dar ainda mais condições aos agricultores de escoar suas embalagens vazias. Estas novas unidades terão aspectos construtivos mais modernos seguindo referências de sustentabilidade para luminosidade natural, aproveitamento de água de chuva, fluxo interno de movimentação de materiais mais racionais, luz de led, entre outros pontos que as tornem sustentáveis. Dentro das ações corporativas do Sistema estão as ações educativas como o Dia Nacional do Campo Limpo, as ações juntas às escolas onde estamos inseridos por meio do Programa de Educação Ambiental (PEA) Campo Limpo. Acreditamos que temos um papel fundamental na sociedade na formação da cultura de preservação do meio ambiente, de inclusão e de formação dos profissionais do futuro, isto só pode ser feito estando presente e dando direção, este é o papel social do Sistema Campo Limpo.
- Quais são as perspectivas para os próximos anos e o que esperar para 2026? Como o Conselho Diretor enxerga os próximos passos para manter o Sistema eficiente, integrado e preparado para os desafios da sustentabilidade?
Vemos uma perspectiva muito boa para os próximos anos, nosso plano estratégico de 5 anos está revitalizado, temos clareza de onde expandir, onde se fortalecer como Sistema e quais as âncoras de sustentabilidade que vamos apostar.
Para o ano de 2026 já definimos claramente os passos de sustentação do Sistema, isto passa por expansão de centrais de recebimento, por revisão de nossa capacidade fabril, por fortalecimento das nossas parcerias com recicladores do Sistema, por reforço das relações com os atores do Sistema e por treinamento e desenvolvimento dos profissionais que atuam diretamente em nossas operações, bem como os executivos que fazem deste Sistema o sucesso que é.
Me orgulho de fazer parte de tudo isto e de contribuir como Presidente do Conselho Diretor como representante da Syngenta.